Por Rui Leitão
O verdadeiro líder se empodera a partir de suas atitudes, mas especialmente pela forma como se comunica com seus liderados. Nem precisa ser um grande orador, basta que a capacidade de persuasão esteja adequada aos seus discursos, sabendo utilizar bem a linguagem e o tom da manifestação de suas ideias. Ter a consciência de como pode gerar confiança e respeito perante os que o ouvem. Demonstrar domínio absoluto dos temas a que se dispõe a abordar. Por suas palavras transmitir emoção que conquiste, porque são dirigidas às mentes e aos corações da audiência.
É assim que vejo o reaparecimento de Lula no cenário político nacional. Após um compulsório silêncio, volta a falar para o povo. E o faz com o entusiasmo que sempre caracterizou sua atuação política, apoiado numa credibilidade que nunca perdeu, apesar das tentativas de torna-lo esquecido e desconceituado. Entra em campo no momento em que o país enfrenta uma de suas maiores crises sociais, econômicas e pandêmicas. Vem preencher um vácuo de liderança política confiável. Reafirma com extrema competência a condição de maior líder popular da história nacional.
Reaparece com a desenvoltura que resulta da extraordinária inteligência emocional que possui. Mostra-se dono da mesma retórica que o fez admirado por milhões de brasileiros, com repercussão no mundo inteiro, utilizando-se de uma linguagem coloquial, intuitiva, direta. A performance carismática se sobressaindo naturalmente, sem esforço teatral. Posiciona-se acima das torcidas, favoráveis ou contrárias, e reconstrói o discurso da esperança para vencer o medo.
Aponta, com sabedoria, que o declínio de uma nação é consequência da rejeição à razão e à ciência. As circunstâncias não podem fazer com que percamos a esperança. Revela que não há porque ter receio dos “ignorantes” que apostam no obscurantismo para se manterem no poder. Seu reencontro com o povo vem alimentado pela disposição de comandar a luta em defesa da democracia e a necessidade de perseverar na resistência diante dos poderosos de plantão.
Ele retorna num instante em que há a necessidade de estimular a coragem e a resiliência do povo brasileiro. Lembremo-nos de uma frase pronunciada pela Rainha Elizabeth: “Mesmo nas noites mais sombrias há esperança num novo amanhecer”. Lula traz no seu reaparecimento político a convicção de que podemos acreditar na nossa capacidade de superar os desafios a que estamos sendo convocados a enfrentar. Sua mensagem é de otimismo, de realimentação dos nossos sonhos, de fortalecimento do sentimento de cidadania em defesa da soberania nacional e dos direitos individuais e coletivos consagrados em nossa Carta Magna.
A hora é de vencer a insensatez e buscarmos o caminho certo a ser tomado. Compreendendo sempre que as decisões deverão ser adotadas a partir de vontades majoritárias. Jamais definidas por desejos pessoais de ególatras e políticos vocacionados para o autoritarismo. Viva a democracia.