Manifestantes invadiram na tarde desta quarta-feira o plenário da Câmara dos Deputados e provocaram tumulto no local: seguranças e invasores entraram em confronto. A porta de vidro que dá acesso ao plenário foi quebrada e a sessão teve de ser interrompida. "Nem eu sei o que está acontecendo. Não sei o que eles estão reivindicando", disse Waldir Maranhão (PP-MA), que presidia a sessão, ao sair visivelmente assustado do plenário. Ainda restam cerca de quarenta manifestantes no local - o plenário está isolado. Parte do grupo foi hostilizada ao ser retirada do plenário aos gritos de "fascistas" e "arruaceiros". O Salão Verde também foi esvaziado.
Os manifestantes leram uma pauta com cerca de 50 itens, segundo o deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS). O plenário da Câmara foi isolado e as negociações para a desocupação ocorrem sem a presença da imprensa. os Beto Mansur e Lincoln Portela atuam como negociadores. Na pauta dos manifestantes estão temas como o fim dos supersalários.
Ao chegar, o grupo entoava palavras de apoio ao juiz federal Sergio Moro e cantou o hino nacional. Da tribuna, gritavam palavras de ordem em favor de intervenção militar e bradavam: "General aqui".
"Somos contra todos os políticos", afirmou o manifestante Jeferson Vieira Alves. Ele nega que o movimento tenha sido articulado com outras entidades. "Sou uma pessoa sozinha e cansada. O que nós queremos é acabar com a impunidade e a corrupção no país". O deputado Júlio Delgado, Julio delgado, que estava dentro do plenário no momento da invasão, afirmou: "O que mais pediram para mim foi intervenção militar. Defenderam a presença de um general aqui. Em seguida começaram a xingar. Estão muito alterados".
Os parlamentares foram pegos de surpresa pelo grupo, que rapidamente tomou a tribuna. A invasão se dá no dia em que a Comissão Especial da Câmara criada para analisar o pacote anticorrupção se reuniria para votar o texto.
Pouco antes da ação do grupo, o procurador Deltan Dallangnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato recorrer às redes sociais para denunciar o que chamou de manobras contra as Dez Medidas propostas pelo Ministério Público. "Notícias dão conta de que estão acontecendo manobras de líderes partidários na Câmara para mudar os deputados da Comissão que votariam a favor das 10 Medidas contra a Corrupção. Isso é um desrespeito com os mais de 2 milhões de brasileiros que assinaram o projeto de iniciativa popular. É um desrespeito com os 200 milhões de brasileiros que querem um processo de discussão e aperfeiçoamento legítimo no Legislativo - basta dizer que esses deputados ouviram mais de 100 pessoas. Não é possível simplesmente trocá-los. Sentindo-me profundamente desrespeitado, como cidadão", escreveu.