Em janeiro, o Copom havia aumentado o ritmo de cortes para 0,75 ponto porcentual, surpreendendo o mercado após duas reduções seguidas de 0,25 ponto porcentual. Na época, o comitê justificou a decisão por de fatores como a inflação e a atividade econômica em um ritmo mais fraco que o previsto. A decisão de hoje iguala as apostas dos analistas de mercado ouvidos pelo Boletim Focus desta semana.
No comunicado, o Copom diz que a inflação segue sendo favorável, apesar de ainda existirem fatores de incerteza no ambiente interno, mas é esperada uma recuperação da atividade neste ano. "O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra alguns sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo", diz o texto.
O Comitê considera também que o ambiente externo também é incerto, o que pode causar uma inflação mais alta ao longo do ano. Em contrapartida, uma recuperação da oferta do setor de alimentos ajudaria a trazer os preços para baixo. A recuperação da economia é outro fator que pode alterar as previsões, mas o Copom considera seu ritmo como incerto.
A Selic é a taxa usada como referência para definir os juros pagos em diversos contratos do sistema financeiro, de empréstimos para a compra de imóveis a cartões de crédito.
Repercussão
Representantes da indústria e dos empregados dizem haver espaço para uma queda maior da taxa de juros. "Ainda não é o bastante, pois existe espaço para recuos maiores da Selic", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Ele diz que "o Brasil tem pressa para retomar a rota do crescimento econômico e da geração de emprego". "Para isso, é urgente a redução mais rápida dos juros."
Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, o corte de 0,75 ponto percentual foi "tímido e frustrante". "Defendemos a imediata redução da taxa de juros e a implementação de políticas que priorizem a retomada do investimento, o crescimento da economia, a geração de empregos, a redução da desigualdade social, o combate à pobreza e a distribuição de renda."