Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros a Selic, em 0,25 ponto porcentual. Com isso, a taxa básica caiu de de 7% para 6,75% ao ano, a 11ª redução consecutiva. A nova taxa é a menor desde o início do regime de metas de inflação, em 1999, e a mais baixa de toda a série histórica do BC, iniciada em 1986.
"Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 6,75% a.a. O Comitê entende que esse movimento é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, com peso menor e gradualmente crescente, de 2019", informou em nota.
O Copom sinalizou que a trajetória de queda de juros será interrompida nas próximas reuniões, ou seja, será o último corte do ano.
"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos", afirma o comitê.
Segundo o Copom, "os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".
Para a Rosenberg Associados, o comunicado do Copom foi muito claro. "Nosso cenário básico, assim como do Banco Central, contempla estabilidade da Selic a partir da próxima reunião. Quais são fatores que poderiam mudar o cenário e levar o Copom a fazer mais um corte de 0,25pp? A principal seria a - ainda improvável - reforma da previdência, que tivesse consequências sobre câmbio e juros", diz a consultoria.
Na avaliação do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic deve ser o último recuo do ciclo de queda da taxa de juros iniciada em agosto de 2016. Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a inflação em baixa e o ritmo ainda vagaroso do crescimento favoreceram a continuidade da queda dos juros. Mas ele admite que as incertezas de um ano eleitoral devem fazer o Banco Central a interromper o ciclo de queda.
A Federação das Indústrias do rio de Janeiro (Firjan) defende que trajetória de queda da taxa de juros não seja interrompida. "A inflação atual e a projetada para 2018 estão abaixo do centro da meta perseguida pelo Banco Central. Além disso, o crescimento do país continua baixo, apesar do recente movimento de recuperação dos principais indicadores de atividade econômica. A única justificativa para a decisão do Banco Central de reduzir o ritmo de corte da taxa de juros é a incerteza quanto à aprovação da reforma da previdência."
Por isso, a Firjan defende que o Congresso vote a reforma ainda no primeiro trimestre do ano. "Afinal, o equilíbrio das contas públicas depende dela. Por isso, o Sistema Firjan reforça a urgência do Congresso Nacional aprová-la ainda no primeiro trimestre, sob pena de termos mais um ano de baixo crescimento, combinado com inflação e juros mais altos."
Menor para quem?
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) minimizou o fato de a Selic ser a menor da história. "Mas isso adianta muito pouco, porque os juros para o tomador final no Brasil ainda estão entre os maiores do mundo. As altas taxas para o tomador final retiram poder de compra das famílias, inibem o investimento e a geração de emprego por parte das empresas e dificultam a retomada do crescimento."
A Fiesp cobrou que o BC deixe de 'só fazer ameaças ao sistema bancário'. "Tem que tomar ações incisivas para reduzir a taxa de juros ao tomador final."