Preso há 119 dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser oficialmente indicado pelo PT como candidato ao Palácio do Planalto neste sábado (4.ago.2018). A legenda faz sua convenção nacional em São Paulo.
O petista protagoniza a mais heterodoxa campanha presidencial brasileira pós-redemocratização. Está preso por ter sido condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, já em 2ª Instância, na Lava Jato. Vai insistir no registro da candidatura até quando for possível. O cenário ficará incerto até quando faltarem só cerca de 20 dias para o 1º turno, em 7 de outubro.
O clima de quase realismo fantástico se dá não porque Lula insista em se candidatar estando preso. Tem sido comum casos assim em disputas municipais. O que dá relevo ao cenário é ser uma eleição presidencial e Lula estar como 1º colocado isolado em todas as pesquisas de intenção de voto –quando o seu nome é testado.
O DataPoder360 pesquisou o potencial de voto de Lula de 25 a 28 de julho de 2018. Ele tem 38% de pessoas que dizem votar nele “com certeza” ou que “poderiam votar”:
O levantamento do DataPoder360, divisão de pesquisas do portal Poder360, realizou 3.000 entrevistas por meio de telefones fixos e celulares de 25 a 28 de julho. Foram atingidas 182 cidades em todas as regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O registro do estudo no TSE é BR-09828/2018.
É necessário notar, como mostra o quadro acima, que Lula tem uma taxa de rejeição (os que dizem não votar nele “de jeito nenhum”) altíssima, de 60%. Mas aí ele se iguala aos demais candidatos nesta disputa.
Jair Bolsonaro (PSL) é rejeitado por 65%. Geraldo Alckmin (PSDB), por 62%. Ciro Gomes (PDT), tem 60%. Para conhecer a situação desses e de outros candidatos, leia os posts já publicados sobre a pesquisa DataPoder360 nesta semana, aqui e aqui.
A diferença para Lula é o potencial de voto –vital neste momento para passar ao 2º turno. Lula não deve ser confirmado como candidato, a julgar pelo que dizem os magistrados do TSE e do STF. Mas certamente tentará inocular parte de seu patrimônio em algum substituto.
Por essa razão passa a ser relevante neste momento analisar como se distribui a intenção de voto lulista hoje entre os principais grupos demográficos.
O DataPoder360 fez a estratificação dos votos de Lula por regiões, sexo, idade e renda. O resultado foi este:
Como se observa, Lula tem 56% de intenção de votos no Nordeste. Essa é 2ª região com maior número de eleitores do país, atrás apenas do Sudeste.
Segundo o TSE, o Nordeste tem 39.222.155 eleitores (26,6% do país). O Sudeste é o 1º colocado, com 63.902.486 eleitores (43,4%).
Lula não vai tão mal no Sudeste, com 30% de potencial de voto. Se pudesse ser candidato, certamente iria para o 2º turno –e teria chances de vitória mais adiante.
Mesmo sem ter definido quem vai eventualmente substituí-lo na corrida presidencial, o petista exerceu forte influência sobre partidos e políticos nas últimas semanas, sobretudo os do Nordeste.
Em Pernambuco, por exemplo, governador local, Paulo Câmara (PSB), fez de tudo para ter o apoio do PT e de Lula na campanha por mais 1 mandato.
O quadro estratificado do DataPoder360 indica também que Lula tem intenções de voto quase equânimes entre homens (36%) e mulheres (39%).
Trata-se de 1 patrimônio relevante, pois muitos dos adversários do PT enfrentam uma assimetria de gênero entre seus eleitores.
Jair Bolsonaro (PSL) tem 3 vezes mais votos de homens do que de mulheres, para citar 1 exemplo.
Na divisão por faixa etárias, novamente Lula tem intenção de voto bem homogênea entre todos os grupos. Seu potencial de voto varia de 36% a 41% entre eleitores de todas as idades.
Esses 2 recortes indicam disparidades maiores dentro do voto lulista.
No caso de escolaridade, o melhor desempenho de Lula se dá entre quem tem o nível fundamental (42%). O pior entre os que não foram à escola (24%).
No caso do eleitor dividido por faixa de renda, Lula está muito bem colocado entre os que recebem de 5 a 10 salários mínimos por mês: 42%.
O pior desempenho do petista é registrado entre os eleitores mais ricos (faixa de renda acima de 10 salários mínimos): 31%.
A operação jornalística que comanda o Drive e o portal de notícias Poder360 lançou em abril de 2017 sua divisão própria de pesquisas: o DataPoder360.
As sondagens nacionais são periódicas. O objetivo é estudar temas de interesse político, econômico e social. Tudo com a precisão, seriedade e credibilidade do Poder360.
Há agora também outra novidade no Poder360: o agregador de pesquisas, que reúne todos os levantamentos de todas as empresas que investigam intenção de voto e divulgam seus dados.
Trata-se de ferramenta potente para pesquisadores ou leitores em geral que desejam estar informados sobre o atual processo eleitoral –além de poder observar o que disseram todas as pesquisas desde o ano 2000. Copie a URL e guarde na sua lista de favoritos:https://www.poder360.com.br/pesquisas-de-opiniao/
O DataPoder360 faz suas pesquisas por meio telefônico a partir de uma base de dados com dezenas de milhões de números fixos e celulares em todas as regiões do país.
A seleção dos números discados é feita de maneira aleatória e automática pelo discador.
O estudo é aplicado por meio de 1 sistema IVR (Interactive Voice Response) no qual os participantes recebem uma ligação com uma gravação e respondem a perguntas por meio do teclado do telefone fixo ou celular.
Só são consideradas as ligações nas quais o entrevistado completa todas as respostas. Entrevistas interrompidas ou incompletas são descartadas para não produzirem distorções na base de dados.
Os levantamentos telefônicos permitem alcançar segmentos da população que dificilmente respondem a pesquisas presenciais. É muito mais fácil atingir pessoas em áreas consideradas de risco ou inseguras –como comunidades carentes em grandes cidades– por meio de uma ligação telefônica do que indo até as residências ou tentando abordar esses cidadãos em pontos de fluxo fora dos seus bairros.
“É importante levar em conta que cada empresa usa uma metodologia diferente em suas pesquisas. O que é relevante é adotar 1 método consistente, que leve em conta a demografia do eleitorado brasileiro e que faça as ponderações corretas. É isso o que fazemos no DataPoder360”, explica o cientista político Rodolfo Costa Pinto.
Qual a diferença entre uma pesquisa realizada por telefone e outra na qual o entrevistado é abordado na rua ou é procurado em sua residência?
“Estudos de intenção de voto com entrevistas presenciais têm suas características próprias, assim como as pesquisas telefônicas. Por exemplo, algumas pessoas podem se sentir mais à vontade para declarar seu voto olhando nos olhos do entrevistador. Outras se sentirão mais confortáveis fazendo isso ao telefone. Nenhum método é mais certo ou errado do que o outro. O importante é a consistência da metodologia e a possibilidade de repetir os estudos com frequência, pois a curva dos percentuais de cada candidato é que revela uma possível tendência, e não apenas 1 levantamento isolado e feito a cada 3 ou 4 meses”, explica Costa Pinto.
Para entender mais sobre as características metodológicas das pesquisas telefônicas realizadas pelo DataPoder360, leia estes posts:
Conheça a metodologia das pesquisas telefônicas e pessoais face a face
Conheça o impacto da presença de Lula sobre os resultados das pesquisas
Pesquisa por telefone teve maior taxa de acerto nos EUA na eleição de Trump
O resultado final das pesquisas DataPoder360 é ponderado pelas variáveis de sexo, idade, grau de instrução e região de origem do entrevistado ou entrevistada. A ponderação é 1 procedimento estatístico que visa a compensar eventuais desproporcionalidades entre a amostra e a população pesquisada. O objetivo é que a amostra reflita da maneira mais fiel possível o universo que se pretende retratar no estudo.
O DataPoder360 trabalha com uma margem de erro preferencialmente inferior a 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. Esse percentual pode variar em cada levantamento e os leitores são sempre informados detalhadamente sobre qual foi a metodologia utilizada.
Neste ano de 2018, as pesquisas de intenção de voto seguem estritamente todas as determinações legais e as resoluções da Justiça Eleitoral.
Esta rodada do DataPoder360 foi realizada de 25 a 28 de julho de 2018. Foram entrevistadas 3.000 pessoas com 16 anos ou mais em 182 cidades em todas as regiões do país. A margem de erro deste estudo é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O número de registro desta pesquisa na Justiça Eleitoral é BR-09828/2018.
Informações deste post foram publicadas antes pelo Drive, com exclusividade. A newsletter é produzida para assinantes pela equipe de jornalistas do Poder360.