O presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) indicou que poderá exonerar o ministro Ricardo Vélez Rodriguez (Educação), na próxima segunda-feira. Segundo afirmou em encontro com jornalistas na manhã desta sexta-feira, 5, o titular “não está dando certo” na pasta.
“Na segunda, vamos resolver a situação do MEC”, disse Bolsonaro. “Está bem claro que não está dando certo o ministro Vélez, falta gestão. Vamos tirar a aliança da mão esquerda e pôr na direita, ou vai para a esquerda ou vai para a gaveta.”
Vélez está em Campos do Jordão (SP), onde participa do 18º Fórum Empresarial Lide. O ministro afirmou não estar sabendo da reunião. “Não vou entregar o cargo”, disse rapidamente. Após isso, o ministro cancelou a entrevista coletiva que estava prevista.
Caso seja confirmada, a saída de Vélez será a segunda baixa no ministério de Bolsonaro em pouco mais de três meses de governo. Em fevereiro, Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) foi demitido após entrar em rota de colisão com o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente.
Neste mesmo período, o MEC já registrou nada menos que 17 baixas em cargos de alto escalão — as mais recentes delas nesta quinta-feira, 4, quando foram dispensado a chefe de gabinete da pasta, Josie de Jesus, e Bruno Garschagen, assessor especial do ministro.
As quedas de Josie e Garschagen enfraquecem os grupos “técnicos” e “olavista” do Ministério da Educação, que desde o início do governo disputam o controle da pasta e paralisam os projetos da pasta.
Reportagem publicada por VEJA mostra que o Ministério da Educação (MEC), onde são tomadas decisões que moldam o futuro dos brasileiros, é hoje o epicentro do pandemônio no governo federal.
Os projetos estão emperrados, as brigas ideológicas atravancam decisões, as demissões ocorrem em série — e a educação, um dos temas mais importantes da agenda nacional, está à deriva.
Enfraquecido, Vélez é bombardeado por evangélicos, militares, partidos, e vive enredado com os “olavetes”, cujo mestre é o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, que mora nos Estados Unidos. Aos chamados vélezianos, restaram apenas quatro secretarias.
Até agora, a manutenção do ministro no cargo é de fundo prático: Bolsonaro não queria demiti-lo durante a crise do governo com o Congresso e, com isso, contribuir para aumentar o clima de incerteza. Agora, após uma série de encontros com líderes partidários para aparar arestas nas negociações pela reforma da Previdência, Bolsonaro tem a agenda livre para cumprir o desejo de conversar com o ministro.
“Tem problema, sim, ele [Vélez] é novo no assunto, não tem o tato político, vou conversar com ele e tomar as decisões que tiver que tomar”, disse Bolsonaro no dia 28 de março, um dia depois de o ministro ser duramente criticado em audiência na Câmara dos Deputados, quando parlamentares consideraram suas respostas vagas e pela falta de clareza na apresentação de programas da pasta.
(com Estadão Conteúdo)