O Brasil vai chegar aos 50.000 mortos na pandemia, nos próximos dias, sem que o presidente da República tenha dedicado um dia sequer para ver o horror provocado pelo coronavírus nos hospitais.
Há um filme de terror em curso nas UTIs do país, com mais de 1.000 mortes diárias e um assustador avanço da doença rumo ao Brasil profundo, onde o Estado não se faz presente no básico e muito menos na Saúde.
Ciente de que não pode mais sair às ruas livremente, sem ser alvo de protestos da maioria dos brasileiros cansada de tanta negação e inépcia administrativa, Jair Bolsonaro fabrica agendas e crises para ocupar seu governo e tentar desviar o foco da tragédia.
O país desgovernado acelera para se aproximar ainda mais dos Estados Unidos de Donald Trump, onde o coronavírus matou o maior número de pessoas no planeta. Nesse contexto, Bolsonaro pediu que seus aliados invadissem hospitais para piorar o que já é tenebroso.
Tentando desvencilhar-se da responsabilidade pelas mortes, ele tentou antes apagar os números de mortes, maquiar as estatísticas e dissolver o rastro frágil que permitia aos cientistas elaborarem alguma estratégia nessa calamidade.
A semana que começa tem na pauta uma série agendas, mas nenhuma delas lidará com a atrocidade da pandemia. O STF continuará julgando a validade do inquérito que investiga o esquema criminoso bolsonarista de fake news.
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Esgotada a polêmica envolvendo universidades, o Planalto certamente apostará em outro factoide. As ações da Polícia Federal contra corrupção em contratos da pandemia e outros casos investigados pela PGR também devem movimentar a semana.
O essencial, no entanto, continuará deixado de lado no gabinete presidencial. Como sair dessa pandemia? Como reduzir a contaminação? Como desafogar os hospitais? Como socorrer trabalhadores e microempresários afogados em dívidas pela incompetência estatal em liberar recursos? Nada disso estará na pauta.